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sábado

Não há bem que nunca acabe

Roberto Rodrigues

Neste 2012, consagrado pela ONU como o Ano Internacional das Cooperativas, estou me aposentando na Unesp de Jaboticabal, onde venho lecionando, há algumas décadas, a disciplina de cooperativismo no Departamento de Economia Rural: trata-se de aposentadoria compulsória determinada pela chegada dos 70 anos.
Felizmente, minha última turma foi boa, de modo que foi um prazer trabalhar com ela. Turmas são como safras: existem as boas, as más, as médias... E não há uma ou duas razões que determinem a qualidade delas: simplesmente são assim, e ponto final. Portanto, ter uma boa turma é sempre uma alegria, assim como é muito desagradável lidar com uma sem qualidades.
No entanto, a alegria que tive neste ano não foi plena, nem poderia ser. Da mesma forma como é um enorme prazer completar uma longa tarefa com algumêxito (e guardar no íntimo a boa sensação de trabalho realizado com inteireza), também fica o travo amargo do fim de um permanente prazer, o de formar gente para o agronegócio.
É mais ou menos como ler um livro do qual a gente gosta muito, mas que termina... Ou assistir a um filme muito especial, que também chega ao fim. A gente não quer que o livro ou o filme acabem, mas acabam. E a agradável sensação que dura a leitura ou a sessão do cinema é substituída pelo vazio com o final.
Essa foi a mistura de sentimentos deste final de carreira no magistério: um pouco de alegria, com a missão cumprida, mesclado com um pouco de nostalgia, de falta de chão, uma vaga noção da transitoriedade...
Mas, afinal, não é assim com tudo na vida? Uma amizade prazerosa que termina com a morte de um amigo; um amor profundo que desaparece como a "espuma que se desmancha na areia", como dizia Herivelto Martins; uma tarefa desafiadora que enfrentamos e vencemos; um jogaço da seleção brasileira de futebol... Tudo acaba, por melhor que seja enquanto dure, e fica um travo amargo, nostálgico, uma inútil esperança de que pode voltar... E não volta não, nunca mais, acabou, kaput...
O outro lado dessa doçura amarga é que toda tristeza também tem fim. Daí o velho ditado: "Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe"...
Pois para mim acabou esse bem, essa delícia de ensinar e aprender com isso. Porque esse é o sentido da vida: aprender, para ensinar, e assim contribuir com a construção de um mundo melhor.
Feita essa especulação emotiva, volto ao cooperativismo, doutrina formidável cujo objetivo é corrigir o social através do econômico. Em outras palavras, através da cooperação o que se busca é prestar serviço às pessoas de maneira que elas tenham melhores ganhos financeiros e ascendam socialmente.
De vez em quando aparece um aluno que soube de um gerente de cooperativa ou mesmo de um diretor ou de um presidente que teria dado um "golpe" na sua cooperativa ou algo parecido com isso.
Costumo responder fazendo uma comparação primária: cooperativismo é doutrina, cristianismo também é; o instrumento do cooperativismo é a cooperativa, a do cristianismo é a igreja. E quem toca a cooperativa e a igreja é sempre gente.
A mídia às vezes publica a história de um padre pedófilo. Mas isso não significa que o cristianismo não presta. Quem não presta é aquela pessoa que "representa" a igreja,
e não a doutrina. A mesma coisa serve para o cooperativismo: um mau dirigente não destrói a doutrina -esta continua sendo boa, excelente.

Se assim não fosse, não haveria no mundo cerca de 1 bilhão de pessoas filiadas a algum tipo de cooperativa. Se cada uma tiver três dependentes, são 4 bilhões de terráqueos ligados ao movimento cooperativista. Não sei se alguma religião tem tantos seguidores...
Aliás, o cooperativismo -doutrina- está assentado sobre sete princípios universais, quase dogmáticos, que os líderes vivem repetindo o tempo todo: seriam uma espécie de "mandamentos".
Ora, os pregadores da igreja repetem, há 2.000 anos, eternos sermões aos domingos. E ainda assim não é todo cristão que vai ao céu...
Roberto Rodrigues
Roberto Rodrigues é coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp-Jaboticabal. Foi ministro da Agricultura (governo Lula). Escreve aos sábados, a cada duas semanas, na versão impressa de "Mercado".

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