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domingo

Senhor, livrai-me do recalque e do recalcado

O dia, já exausto, vai caminhando para os braços da noite, desejando descansar, e eu, olhando o pôr-do-sol, descubro cores avermelhadas, alaranjadas e cinzas, diferentes daqueles tons observados no dia anterior.

A mão do criador é de um dinamismo tal, que o cenário de ontem não se repetiu no de hoje. E os minutos vão se movendo no compasso do entardecer. A escuridão chega. Momento para a reflexão e para as preces.

Recordo dos entes queridos que se foram... uma oração a Êle endereço pedindo para que aqueles continuem no seu regaço. Peço por mim, pela família, pelos amigos de fé, pela cidade, pela nação, pela humanidade.

Da reflexão, que me chega de mansinho, vem o pedido de perdão pelos erros cometidos, equívocos que me valeram um sentimento de culpa tão violento, ainda não resolvido. Recordo das críticas, algumas ácidas, injustas, mesquinhas, outras coerentes, lúcidas, que acabaram por me melhorar como ser humano.

A crítica, quando vem de um coração generoso transforma-se no apanágio de descobertas, pois têm em seu cerne os atributos que concorrem para a evolução de um espírito distraído ou em desencanto com o seu momento.

A crítica justa conduz a energia necessária ao aprimoramento moral e espiritual de um ou de vários indivíduos, que dela se valem para vencer seus defeitos e fraquezas, submeter eventuais vícios ao mais profundo dos subterrâneos, afastando-se de práticas ou ações ou ainda comportamentos inadequados, guardando-a como se guarda no relicário uma jóia tão preciosa, de valor inestimável.

Todavia, a crítica injusta, é, de pronto, obra do ser precipitado e do temerário, que pensa ser entidade superior. E quando vem envolvida na má intenção, na má fé, na ingratidão... respaldadas essas, na inveja, que se nutre da cobiça, não material, mas espiritual da trajetória do outro, em face da própria limitação, é nojento, escabroso, repugnante, repulsivo, porque normalmente advém de um caráter duvidoso, logo recalcado.

O que é o recalque? E eu mesmo respondo, fundamentado no Aurélio, que nos ensina que “é a exclusão, do campo da consciência, de certas idéias, sentimentos e desejos, que o individuo não quisera admitir, e que, no entanto, continuam a fazer parte da vida psíquica, suscitando, não raro, graves distúrbios’’.

E, sabe-se que o recalcado possui os genes de uma pessoa infeliz e reprimida, retida nas suas emoções, já que é perenemente violentado ante essa ausência de sentimentos nobres, que jamais pôde acalentar dentro de si mesmo, muito menos porque lhe faltam a capacidade, inteligência, sabedoria, enfim sensibilidade para descobrir as virtudes, apreciar o belo, conhecer o afeto, a afeição (e até o amor) e retribuí-los. É um ser árido, pesado espiritualmente porque está sempre triste, sorri pouco, transferindo para aqueles ao seu redor um profundo desgosto e uma mágoa que se renovam, e se reciclam em cima da sua própria revolta, da sua própria torpeza.

É o caso, por exemplo, da personagem Eva (Ana Beatriz Nogueira), na novela Vida da Gente, apresentada pela TV Globo, em que essa monumental atriz interpreta uma pessoa frustrada, recalcada mesmo, assim como outros que acabam tentando infernizar o nosso cotidiano.

Há, no revoltado, que é recalcado, uma ausência absoluta para a capacidade de sentir as coisas boas que vicejariam ao seu lado se a sua aura fosse limpa e iluminada; não prospera no entorno de seu espírito nenhuma luz, mas a opacidade que o retroalimenta de maus fluidos; não valoriza o bom sentimento, a boa ação, nem um trabalho artístico ou literário.

É um depauperado, um paupérrimo, um despossuído moral, estéril, áspero, rude, sem suavidade até para retribuir a um eventual cumprimento; sem brandura, porque não se eleva para a prática das virtudes. Seu foco é achar defeitos e tripudiar, ironizando, no desejo de espargir o mal.

E o pior é que o recalcado se acha perfeito, incapaz de errar, um ser superior, acima do bem e do mal. Um quase Deus...

O recalcado normalmente teve frustrações na origem familiar ou transporta dentro de si amarguras por conta da carreira profissional; tem um minguado rol de amigos, que o suportam por simples dose de compaixão.

Até porque, ao meu sentir, por ser despojado de valores espirituais, ele faz da inveja a sua indumentária, posto ser ela o mesquinho aplauso contra o bem do próximo, e desemboca no nascimento de outros males.

já que internaliza votos e fluidos contra a felicidade, bem-estar e vitórias de outrem, cujo prestígio o atinge de forma violenta. Neste, o invejoso, a Caridade, passa ao largo, corrompendo suas eventuais relações de amizade, mesmo porque esse defeito, a inveja, nasce da soberba, que degenera no ódio e no ressentimento, na inflada torcida para que o invejado colha insucesso, o que trará enorme alegria àquele seu dissimulado algoz.

“Ao invejoso dói mais o sucesso dos outros, do que o próprio fracasso”, mesmo porque ao vislumbrar a possibilidade de obter honrarias, prestigio e elogios, através da utilização de meios desprezíveis, viu-se frustrado, nascendo daí, os seus recalques.

A introspecção deveria ser usada, se talento tivesse, para neutralizar esses defeitos e internar na sua alma o desprendimento, a grandeza de espírito e a humildade.

Deus me livre da companhia desses seres –Tipo Eva, a personagem antes referida– sempre tão carregados da inveja, avareza, ira, soberba ou da vaidade...

Prefiro ir desfilando numa virtual carruagem, sem ligar para os cães raivosos que podem estar latindo contra mim, que vou continuando admirando cada nascer e pôr-do-sol, agradecendo a Deus pela vida e pelas lições de vida e aplaudindo (nem podia ser diferente) as conquistas materiais e espirituais de meus amigos e de eventuais adversários que surgiram na minha trajetória.

E só assim, então, serei feliz, bem feliz...

Paulo Saldanha

PAULO CORDEIRO SALDANHA: Nasceu em 1946, em Guajará–Mirim, Rondônia. É Advogado e hoteleiro. Foi Presidente de Bancos Estaduais de Rondônia e Roraima, Diretor do Banco da Amazônia e Diretor–Geral do Tribunal Regional do Trabalho da 14º Região. Cronista e Romancista. É Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

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