Algumas pessoas demonstraram profunda tristeza e quase me deram os pêsames, como se eu estivesse enterrando minha carreira de escritora ad eternum. Queísso, povo? Eu só resolvi ter uma profissão bonitinha para não precisar viver de bicos, ter minha independência financeira e desenvolver disciplina, qual é o mal nisso?
Trabalhar como corretora não impede que continue escrevendo, nem que continue trabalhando com biscuit…não me impede de fazer absolutamente nada, exceto de lavar a louça do almoço quando tenho de ficar o dia inteiro em um plantão (este final de semana, por exemplo, passei inteiro em plantão do Fit Jardins. Fiquei com vontade de morar no apartamento decorado…risos…). Aí tenho sido obrigada a me organizar – coisa que eu queria fazer há muito tempo e finalmente consegui.
Existe um preconceito esquisitinho em relação ao corretor de imóveis, que ainda não entendi direito. As pessoas acham que o corretor vai lhes passar a perna, que está só interessado em comissão e que não tem ética, nem caráter. Na verdade, pessoas assim existem em qualquer profissão. Existem médicos que não estão nem aí para você, só querem seu dinheiro. Por causa disso você vai desprezar toda a classe médica? Eu não deixo de ser eu mesma só por ter um registro no CRECI e trabalhar em uma imobiliária!! Continuo a ser ética, honesta, a querer ajudar os outros (às vezes pensando mais nos outros do que em mim)…e isso tudo eu uso no meu trabalho. O trabalho do corretor é facilitar as relações entre vendedor e comprador. É basicamente o mesmo trabalho do Agente Literário, só que em outro ramo de atuação. O Agente Literário é um corretor, um parceiro do escritor, fazendo a ponte entre ele – que quer vender – e a editora – que quer comprar, para convencer a editora de que esse escritor seria um bom investimento.
O corretor de imóveis também faz essa ponte entre alguém que quer vender um imóvel (uma construtora ou uma pessoa) e alguém que tem interesse em comprar (para morar ou para investir). Não vejo nada de mais nisso. Trabalhando em imobiliária o valor da comissão do corretor é bem menor (beeeeeeem menor mesmo), mas o volume de trabalho é potencialmente  maior e você tem toda a estrutura da imobiliária à sua disposição. No meu caso, escolhi (sim, escolhi, porque eu sou chique…risos…) a Rial Imóveis, pelo estilo mais “humano” de trabalhar. É uma imobiliária grande (ganhou o Top of  Mind 2009), mas tem um jeito família, sabe? Gostei bastante. Claro que em ambiente de trabalho tem todo tipo de gente, mas como sou otimista incorrigível, acredito que tudo é questão de se saber lidar e conheci pessoas extraordinárias ali.
O maior problema é lidar com esse preconceito de algumas pessoas. As pessoas têm medo de serem enganadas, ou têm traumas por terem sido mal atendidas em situações anteriores. Além disso, o início de qualquer coisa é sempre complicado. Até eu conseguir aprender direitinho, me inteirar das milhões de coisas que compõem o mercado imobiliário demanda algum tempo, mas tenho sido bem sucedida nesse meu intento. Fora isso, eu preciso descobrir onde se escondem os grandes investidores. Existe uma lenda que diz que algumas pessoas investem bastante em imóveis, especialmente lançamentos, na planta (a Rial trabalha com muitos empreendimentos assim, todos de construtoras sérias, fazendo disso um investimento rentável e seguro). Vejo meus colegas negociando com eles. Compram dois, três imóveis, às vezes mais. Não sei o que eles fazem, nem onde vivem, nem o que comem, mas quero ser assim quando crescer, poder ligar para um corretor e comprar três imóveis na planta para revender quando o empreendimento for lançado, menos de dois anos depois, recebendo – sei lá – três vezes o que investi.
Claro que quando você pensa em vender vários imóveis para vários investidores, a evolução natural desse pensamento seria contabilizar as comissões dessas vendas. No entanto, eu sou um alien. Quando penso em encontrar investidores e vender para eles, penso mais no prazer de ajudá-los a encontrar o melhor investimento, um bom empreendimento, fazer com que eles ganhem dinheiro e fiquem felizes do que na comissão propriamente dita. E quando penso em anunciar o imóvel de alguém para vender, quero ajudar aquela pessoa a conseguir um bom preço pelo seu imóvel, um comprador que não lhe dê problemas e fazê-la ficar feliz com o negócio. Quando penso em vender um imóvel para uma pessoa que o queira para morar, penso em ajudá-la a realizar seu sonho, encontrando para ela o melhor imóvel possível, que se encaixe em seus desejos, que não lhe dê problemas e fazer com que ela fique feliz no final das contas.
Não que eu não pense em dinheiro,  afinal, preciso pagar minhas (muitas) contas, castrar os gatinhos que a gente encontra na rua, ajudar nossos trabalhos de recuperação de vidas e comprar maquiagem (a pessoa tem direito a futilidade na vida), entenda o que quero dizer, a comissão é consequência, é algo que eu vou receber de qualquer maneira se vender (coisa que qualquer vendedor recebe), mas não é isso que me dá prazer ou alegria, não é atrás disso que eu corro. O que me dá prazer e alegria é ver a  pessoa feliz após a negociação finalizada, tenho prazer em ajudar, em ser útil. Claro que para nosso mundo atual ter esse tipo de visão é ser taxada de imbecil, de ingênua. Eu sei como o mundo funciona, sei de toda a malícia que existe nele, mas escolhi viver como acredito que deva viver, como me faz bem. Escolhi viver assim, caramba, tenho trinta anos, sei o que estou fazendo.  Duvido que seja a única. Se vender menos do que venderia se não tivesse esses princípios, não me importa. Sei que ninguém tira o que Deus me deu, e isso me basta. Se Ele me deu, não vou perder, não preciso passar por cima de ninguém para isso. É assim que sempre vivi, é assim que trabalho, em qualquer coisa que eu faça.
Eu sou obrigada a viver neste mundo, colega, neste nosso planeta, cheio de pessoas mentirosas, desonestas, cínicas, maldosas…se sou obrigada a viver aqui, tenho de fazer a diferença. Não adianta só reclamar dos outros, do jeito que os outros são, do jeito que o mundo é, eu tenho que fazer diferente. O que os outros acham ou deixam de achar, não me importa. Eu vivo do jeito que acredito. Por isso também não me engesso em nada. Minhas atividades não sou eu, minhas atividades são o que eu faço. Continuo escrevendo. revisando…sou corretora de imóveis e corretora ortográfica…risos…não me tasquem um rótulo, pois ainda que eu passe a vida inteira trabalhando em uma imobiliária, vocês me verão fazer milhões de outras coisas, paralelamente. Se alguém quiser me rotular, vai gastar muito adesivo na vida.
PS: Falando em divulgação, caso você conheça alguém que queira vender, comprar ou investir em imóveis e queira ajudar a me divulgar, meu e-mail para isso é 
rial.vanessa@gmail.com